sábado, 31 de janeiro de 2015

YANIS VAROUFAKIS DEFENDE ESTABILIZAÇÃO DO CAPITALISMO EUROPEU


O novo ministro das Finanças da Grécia explica, em poucas palavras, a sua visão da natureza da presente Crise Europeia, e porque defende que a tarefa actual da esquerda é a de estabilizar o capitalismo europeu:

"Na verdade, partilho a opinião de que esta União Europeia é um um Cartel fundamentalmente anti-democrático, irracional que colocou os povos da Europa num caminho de misantropia, ódios, conflitos e recessão permanente.

Se o meu prognóstico está correto, e a Crise Europeia não é apenas mais uma crise cíclica, a ser em breve superada com a taxa de lucro a recuperar, na sequência da inevitável desvalorização salarial, a questão que se nos coloca é :

Será que devemos saudar esta degradação do capitalismo europeu, como uma oportunidade para o substituir por um sistema melhor?

Ou essa desintegração deve-nos preocupar tanto, que a melhor solução seja embarcar numa campanha para estabilizar o capitalismo europeu?

A Crise da Europa, como a vejo, não contém o potencial duma alternativa progressista, mas sim a ameaça de forças radicalmente reaccionárias que têm a capacidade de provocar um banho de sangue, e extinguir a esperança de todos os movimentos progressistas para as gerações vindouras."


Retirado daqui: http://bit.ly/1AayfZS

segunda-feira, 26 de janeiro de 2015

ACORDO SYRIZA GREGOS INDEPENDENTES FAZ SENTIDO


O Syriza não é de extrema esquerda, é basicamente um partido social democrata (socialista), com um programa anti Austeridade, e que defende a permanência da Grécia no Euro e na UE. Os Gregos Independentes são uma cisão da ND (de deputados expulsos da ND por votarem contra o resgate da Troika), nacionalistas de direita e anti austeridade.

Se a tarefa principal do novo governo for, como os gregos votaram, a rejeição da Austeridade e a Renegociação da Dívida, a coligação Syriza Gregos Independentes faz sentido.

Mais sentido do que faria com o KKE, que compreende que a rejeição da Austeridade e a Renegociação da Dívida passam pela saída do Euro e da UE, com To Potami, partido neo liberal, ou com o Pasok que levou a troika para a Grécia.

Mas a prometida rotura com a Troika e a Austeridade não depende apenas do governo de coligação Syriza Gregos Independentes. Sem a luta dos trabalhadores e do Povo grego, Tsipras não passará dum novo Hollande, o das entradas de leão e saídas de sendeiro.

sexta-feira, 23 de janeiro de 2015

ELEIÇÕES NA GRÉCIA, HÁ SEMPRE ALTERNATIVAS


A possibilidade do Syriza ganhar as eleições do próximo domingo, mesmo com a insistência com que vem reafirmando a sua posição de não pôr em causa a presença da Grécia no Euro e na UE, está a mobilizar os donos da "Europa" para assustar os gregos, e deixar bem claro que não estão dispostos a aceitar quaisquer alterações às regras do jogo.

Depois da chantagem da Merkel (ou os gregos aceitam que fique tudo na mesma ou vão para o olho da rua) diz agora Draghi, para não deixar ilusões a ninguém, que o eventual programa de compra pelo BCE de títulos da Divida dos países (como faz a FR americana e outros bancos centrais) não se aplicará à Grécia, que assim continuará exclusivamente à mercê do fundamentalismo destruidor das Troikas.

É claro que Merkel e o BCE nunca irão aceitar as propostas de reforma do Euro e da UE do Syriza que, no caso de vencer as eleições, se verá inevitavelmente confrontado com a escolha entre prosseguir a via troikista de destruição do país, ou mandar o Euro e a UE às urtigas.

Entretanto, do outro lado do continente, a Russia já tinha anunciado há semanas o cancelamento do gasoduto conhecido como "South Stream", e em sua substituição a construção dum gasoduto para a Turquia, que irá até à fronteira da Grécia.

Agora é o ministro da Agricultura da Russia que em Berlim afirma que no caso de a Grécia ter de deixar a UE, as contra sanções da Russia à UE, que estão a levar à ruína os agricultores gregos, serão levantadas.

É caso para os gregos pensarem duas vezes, se preferem continuar num Euro e numa UE,que só lhes trazem miséria, destruição social, recessão e desemprego (25% a nível geral e 50% entre os jovens), ou se não será já mais que tempo de procurarem outras alternativas.

terça-feira, 20 de janeiro de 2015

NÓS AMAMOS O EURO, PENA O EURO SER A RUÍNA DO PAÍS.


E não somos só nós que estamos encantados com este símbolo de cosmopolitismo e modernidade que é o Euro. Até na Grécia onde as consequências da moeda comum são ainda mais gravosas, quase 8 de cada 10 gregos não querem sair do Euro.

O problema é que tal como todas as moedas o Euro tem uma face, e o seu reverso.

E se a face do Euro, aquela que todos adoramos e nos traz uma série de vantagens, desde o que agora poupamos em cálculo mental para sabermos quanto custa um pacote de meio quilo de caramelos em Badajoz, até aos baixos juros que nos permitiram, finalmente, comprar um T3 em Massamá.

Já o reverso do Euro, aquela parte do mesmo numero único para matulões ou para baixinhos, e outras cenas ainda mais complicadas que só o Professor Ferreira do Amaral é capaz de nos explicar como deve ser, esse reverso acaba por ser tão gravoso que compromete qualquer possibilidade de alguma vez sairmos desta pindérica rota de declínio.

Bem podem por isso os políticos mais sérios, e os economistas mais competentes, incluindo o Professor Ferreira do Amaral, explicar que não só é necessário como urgente tirar o País do Euro, que a maioria vai continuar a preferir acreditar nas tretas dos que nos querem manter neste suplício sem fim à vista.

Mesmo que a situação do País se continue a agravar ao ritmo dos últimos anos, irão alguma vez os portugueses, ou os gregos, decidir sair do Euro? Acho que é coisa que nunca vai acontecer.

O mais provável é, quando os países que beneficiam do Euro considerarem a nossa presença incómoda, ou de todo já não precisarem da moeda comum, um dia acordarmos com a notícia de que fomos corridos do Euro, ou que, pura e simplesmente, o Euro deixou de existir. Mark my words.

quinta-feira, 15 de janeiro de 2015

SE ESTIVESSE EM FRANÇA, CLARO QUE TINHA IDO À MANIF


Estaria decerto com os mais de 4 milhões de franceses que no passado domingo vieram para a rua mostrar a sua repulsa pelos massacres dos dias anteriores, e reafirmar a sua convicção democrática e republicana, pela liberdade de expressão e contra o terrorismo.

O que não tem nada a ver com a palhaçada organizada por Hollande, que à sua volta juntou um pequeno bando de criminosos de guerra, instigadores e apoiantes do terrorismo, lacaios da Austeridade, gente que quer aproveitar aqueles trágicos acontecimentos para reforçar o controlo policial sobre as populações, marginalizar estrangeiros e fechar fronteiras.

Manif que também não tem nada a ver com o pindérico ajuntamento organizado por Marine Le Pen, numa paróquia em que a FN tem a maioria, onde cerca de mil apaniguados se iam pegando à porrada, uns por quererem o mata e os outros por preferirem o esfola.

Percebo as limitações duma mobilização como a que no domingo passado tocou toda a França, mais fundada no sentimento do que na razão, e que sem objectivos claros e definidos nem organizações para lutar pela sua concretização, acaba por deixar os governos à vontade para levar a cabo algumas medidas já anunciadas, como a revisão do tratado de Schengen, e outras que mais adiante nos cairão em cima.

Como também tenho consciência de que aquela enorme e espontânea mobilização popular foi, nas circunstância concretas, uma eficaz barreira quer à agudização do racismo e da islamofobia, como ao avanço da FN que nestes acontecimentos, ao contrário do que seria de esperar, não ganhou de certeza um único voto.

quinta-feira, 8 de janeiro de 2015

REJEITAR A BARBÁRIE


É natural que este horrível massacre no Charlie Hebdo nos toque mais de perto, ali em Paris, contra a liberdade de expressão, mas não esquecer os que por todo o mundo da Líbia ao Paquistão, da Ucrânia à Síria, morrem diariamente às mãos das mais diversas intolerâncias e intervenções estrangeiras.

Além dos culpados directos, há que saber quem poderá estar por trás deste hediondo crime, sem ceder aos que tudo fazem para nos arrastar para uma "guerra de civilizações", do Ocidente cristão e ateu contra o mundo do Islão.

Compreendendo as dificuldades e contradições que a convivência num mundo mais aberto e plural nos coloca a todos, é bom não tomar a nuvem por Juno, e saber que o inimigo são os fundamentalismos, os fascismos, a exploração e pilhagem, o projecto imperial dos que se julgam donos do mundo.