terça-feira, 1 de novembro de 2011

O Equador é Uma Linha Imaginária


ASSIM QUE que passam a fronteira, libertando-se do espaço aéreo português ou da zona económica exclusiva, os políticos portugueses de aviário, entusiasmam-se, ganham asas, entram em devaneio ou perdem as estribeiras. E a passagem do equador, vá-se lá saber porquê, exerce um fascínio muito especial sobre eles! Parece que ainda estou a ver o José Sócrates, numa qualquer cimeira sul-americana, a "vender" aos outros estadistas presentes, sorridentes e condescendentes, o famigerado "magalhães", o tal computador maravilha-tuta-e-meia, que até tinha software mal traduzido.

Ora bem, agora coube a vez a Pedro Passos Coelho dar um ar da sua graça. Depois de ter repetido (cá dentro) até à exaustão  que os acordos com a troika eram para cumprir escrupulosamente, sem cedências nem renegociações (algumas vezes até ficou indignado com as reticências que lhe colocavam), há dois dias atrás, assim que se viu fora de portas, aturdido pela exuberância da XXI Cimeira Ibero-Americana que decorreu no Paraguai (lá fora), entrou em altas rotações e fez uma pirueta acrobática. Na conferência de imprensa do encerramento do evento, admitiu propor a renegociação da dívida com a troika, para obter mais vantagens  no programa de assistência económica e financeira. Esqueceu-se de acrescentar, preto no branco, que o que pretende é fazer jorrar mais dinheiro para as instituições bancárias, e garantir, à conta disso, mais umas privatizações, mais uns quantos assaltos aos contribuintes e outros tantos cortes e desvios nos seus deveres distribuitivos, como governo. Só espero que no seu regresso à pátria, os jornalistas o confrontem - se para isso tiverem coragem, engenho e arte - com as anteriores posições, o que duvido.

E por falar em José Sócrates, também longe do torrão pátrio, congeminando filosóficamente em Paris, frente a um croissant e uma xícara de café, sobre a herança que deixou por cá - que continua a fabricar muitas dezenas de milhares de pobres e uns poucos de bilionários até 2050 - dizem os agentes infiltrados que se tem desdobrado em contactos com alguns dos seus antigos apaniguados, qual sniper firme, atento e certeiro, a aconselhar que o grupo "para-lamentar" do PS [Partido (in)Seguro] vote a rejeição do Orçamento de Estado para 2012, o que na actual conjuntura, tanto faz. O diz-se-que-diz já foi desmentido pelo próprio, mas também já sabemos qual o valor que se pode dar a um desmentido feito por um mentiroso compulsivo, que garantiu nunca ter conhecido o professor Morais, com quem se relacionou no cambalacho da Cova da Beira, e que até foi seu professor na Universidade Independente, a tal que passava diplomas aos domingos. Ele que estude, estude, que bem precisa!

Sejam os Passos do Sócrates ou o Sócrates dos Passos, cada um no seu estilo, um mais educadinho, e outro nem por isso, que venha o diabo e escolha.

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