terça-feira, 18 de outubro de 2011

Não somos a Grécia; podemos acabar pior


«Com o OE 2012, o governo português está a copiar as piores políticas gregas. Repete que não somos a Grécia, mas acelera no seu encalço.

Repare-se que na Islândia, igualmente sob uma intervenção agressiva do FMI, a mobilização popular não deixou que os prejuízos privados passassem para o erário público. Não se salvaram bancos ou seguradoras, renegociou-se a dívida, apostou-se no reforço da democracia e os dirigentes do país responsáveis por políticas ruinosas estão a ser julgados. Hoje vêem-se os resultados.

O problema é que a solução islandesa aplicada a Portugal implicaria que o actual Presidente – com Sócrates, Santana, Durão e Guterres – fosse julgado pelas decisões ruinosas que tomou. E com ele a maioria dos que ainda hoje nos governam sentados à sombra do bloco central.

A solução islandesa aplicada a Portugal implicaria a nacionalização da banca. As injecções de dinheiros públicos deixariam de servir para acudir a loucuras, manter os lucros extraordinários ou limpar prejuízos tóxicos. O Estado assumiria os custos e os proveitos do que entendesse, em função do interesse público.

A solução islandesa aplicada a Portugal implicaria uma apertada vigilância democrática que dificultaria a dança de cadeiras entre cargos públicos e privados e não permitiria que um banqueiro se sentasse à mesa do Conselho de Ministros que decide o Orçamento de Estado.

Na Islândia o povo mobilizou-se para resistir. Na Grécia o povo acordou mais tarde. E nós, chegaremos a tempo?»

Artigo de opinião do arquitecto Tiago Mota Saraiva, com o mesmo título do post.

Meu comentário: De algum tempo a esta parte, também tenho referido que nem todos os caminhos vão dar a Atenas, e que não deve ser ignorada a lição de Reiquiavique, muito embora sejam escassas as notícias do que lá se passa. Mas ninguém liga! Deve ser porque não sou banqueiro, politólogo ou comentador desportivo…
Em contrapartida, o ministro Victor Gaspar, ao não admitir renegociar a dívida portuguesa, está convicto que no fim da linha deste brutal programa de austeridade - que só trás mais recessão, desemprego e empobrecimento generalizado - havemos de regressar, com pompa e circunstância, ao seio dos sacrossantos “mercados”.

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